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Esse texto foi criado a partir da seguinte pergunta inquietante!
Partindo do pressuposto que o pecado veio a sua existência devido ao livre arbítrio das pessoas e como a biblia afirma que ele não se levantará novamente, isso quer dizer que não haverá livre arbítrio na nova terra?
Resposta:
A Bíblia nos dá a garantia de que, após a criação da nova terra, o pecado não mais existirá. A passagem mais clara e impactante sobre isso está no livro de Apocalipse, capítulo 21.
Apocalipse 21:1-5 (Nova Almeida Atualizada - NAA)
"Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para o seu esposo. Ouvi uma grande voz do trono, que dizia: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e o próprio Deus estará com eles e será o Deus deles.
Ele lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram.
E aquele que estava assentado no trono disse: Eis que faço novas todas as coisas.
E acrescentou: Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras."
Nesses versículos, fica evidente que na nova criação de Deus:
Não haverá mais luto, nem pranto, nem dor: Essas são as consequências diretas do pecado em nosso mundo atual. Sua ausência na nova terra indica que a causa dessas aflições, o pecado, não existirá.
As primeiras coisas passaram: Isso se refere a tudo o que está corrompido pelo pecado no mundo atual. Deus fará "novas todas as coisas", o que implica uma completa renovação e purificação, onde o pecado não terá lugar.
Deus habitará com os homens: A presença plena e sem barreiras de Deus com a humanidade redimida significa a erradicação do pecado, pois a santidade de Deus é incompatível com a presença do mal.
Embora o termo "o pecado não se levantará novamente" não apareça textualmente, o conceito é claramente inferido e prometido por meio da descrição de uma realidade onde a morte, a dor, o luto e o pranto não existem mais, e tudo é feito novo por Deus.
A Bíblia não afirma diretamente que não haverá livre-arbítrio na nova terra. Pelo contrário, a compreensão teológica comum é que o livre-arbítrio continuará existindo, mas de uma forma aperfeiçoada.
A ideia é a seguinte:
O pecado não se levantará novamente porque a natureza do ser humano redimido será transformada. Na nova terra, os salvos terão uma natureza glorificada, livre da inclinação para o pecado que existe agora devido à Queda. Não é que a capacidade de escolher seja removida, mas a vontade e o desejo de pecar estarão ausentes.
Livre-arbítrio e a escolha do bem: Mesmo antes da Queda, Adão e Eva tinham livre-arbítrio e escolheram pecar. Na nova terra, a escolha será sempre pelo bem, pela justiça e pela vontade de Deus, não por coerção, mas por uma escolha livre e amorosa que reflete a natureza perfeita que Deus restaurou em Seus filhos. É como se a experiência com o mal e suas consequências tivesse ensinado a lição definitiva, e a escolha pelo bem se tornasse a única opção desejável para a vontade aperfeiçoada.
A perfeição da comunhão com Deus: A ausência do pecado na nova terra significa uma comunhão plena e ininterrupta com Deus. A presença de Deus será tão intensa e a compreensão de Sua bondade tão completa que a ideia de escolher algo que O ofenda ou que traga mal será inconcebível para a natureza transformada dos redimidos.
Portanto, a ausência do pecado na nova terra não implica a ausência de livre-arbítrio, mas sim a existência de um livre-arbítrio que, por sua própria natureza transformada e aperfeiçoada, escolherá sempre a retidão e a vontade de Deus, sem a inclinação para o mal.
Livros que Aprofundam o Entendimento do Livre-Arbítrio na Nova Terra
1. Wayne Grudem - Teologia Sistemática
Por que é relevante: Este é um dos manuais de teologia sistemática mais respeitados e amplamente utilizados no mundo evangélico. Grudem aborda a doutrina da santificação e da glorificação, explicando como a natureza do crente é transformada para ser livre do poder e da presença do pecado. Ele discute o estado eterno e a perfeição dos redimidos, onde a inclinação para o pecado é removida, permitindo uma obediência e adoração perfeitas a Deus, sem que isso anule o livre-arbítrio. A ausência de pecado no céu não é vista como uma coerção, mas como o ápice da liberdade moral.
Capítulos a procurar: Procure as seções sobre "Escatologia" (doutrina das últimas coisas), especificamente os capítulos que tratam do "Estado Eterno" ou da "Glorificação".
2. Randy Alcorn - Heaven (O Céu)
Por que é relevante: Alcorn dedica um livro inteiro a explorar a doutrina bíblica do céu e da Nova Terra. Ele aborda extensivamente a questão do livre-arbítrio e do pecado, argumentando que a verdadeira liberdade será experimentada na Nova Terra. Ele enfatiza que o pecado é uma escravidão, e a remoção da inclinação para o pecado é, na verdade, a libertação definitiva, permitindo escolhas que são sempre justas e agradáveis a Deus. Alcorn desmistifica a ideia de que o céu seria um lugar "chato" ou sem escolhas, mostrando que a vida eterna será plena de propósito, criatividade e adoração voluntária.
Capítulos a procurar: Ele tem seções específicas que tratam da natureza dos redimidos, do livre-arbítrio no céu e da ausência de pecado.
3. J.I. Packer - A Teologia Concisa
Por que é relevante: Embora mais concisa, esta obra oferece uma visão reformada da teologia cristã. Packer, um teólogo respeitado, explora a doutrina da soberania de Deus e da responsabilidade humana. Ao discutir a glorificação, ele implicitamente afirma a capacidade do homem glorificado de adorar e servir a Deus voluntariamente, sem a mancha do pecado. A liberdade aperfeiçoada é um tema subjacente em suas discussões sobre a relação entre a graça de Deus e a resposta humana.
Capítulos a procurar: Veja as seções sobre "A Queda", "Redenção" e "Escatologia".
4. Agostinho de Hipona - A Cidade de Deus
Por que é relevante: Agostinho (Século V) é uma figura fundamental na teologia cristã e suas ideias sobre o livre-arbítrio e a vontade humana são altamente influentes. Em A Cidade de Deus, ele distingue entre diferentes estados de liberdade:
Posse peccare (poder pecar) e posse non peccare (poder não pecar) - o estado de Adão antes da Queda.
Non posse non peccare (não poder não pecar) - o estado do homem caído, escravo do pecado.
Non posse peccare (não poder pecar) - o estado dos redimidos na glória. Este é o ponto crucial: para Agostinho, a incapacidade de pecar no céu não é uma falta de liberdade, mas uma liberdade superior, a verdadeira liberdade de não ser mais tentado ou inclinado ao mal. É a perfeição da vontade, que escolhe o bem por sua própria natureza.
Capítulos a procurar: Esta é uma obra volumosa, mas os conceitos sobre a vontade e a liberdade são desenvolvidos ao longo de vários livros, especialmente aqueles que contrastam a cidade terrena com a cidade celestial.
Ao consultar essas obras, você encontrará argumentos teológicos robustos que sustentam a ideia de que o livre-arbítrio não é abolido na Nova Terra, mas sim aperfeiçoado, resultando em uma liberdade gloriosa e sem a mancha do pecado.
Juniel Silva Lima
Membro da igreja Adventista de Nova Jerusalém
Porto Velho - RO
